Grupo E-Sophi@: Liliana Vidal   *  Jorge Soares  * José Neto *  Maria Cristina *  Natália Sarmento

domingo, 30 de outubro de 2011

Como começar uma investigação?

Para começar a investigação (fase de ruptuta), o investigador selecciona e define o problema e os objectivos da pesquisa. Sem fazer boas perguntas nunca se poderão encontrar boas respostas.

FAZER UMA PERGUNTA - O processo científico de investigação tem como objectivo encontrar uma resposta satisfatória para determinado problema ou questão inicial.

Posteriormente, revê-se a bibliografia em simultâneo com o desenvolvimento da investigação exploratória.

FAZER PESQUISA DE FUNDO – Inclui ler tudo o que foi escrito sobre o assunto (revisão bibliográfica) e ir observando e pensando na realidade que se deseja explicar (investigação exploratória). Deste esforço poderão surgir as primeiras sugestões de hipóteses a testar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Como caracterizar um estudo de caso em investigação?

Quando o investigador estuda um grupo pequeno, que lhe é familiar, do qual naturalmente não poderá extrair generalizações, está fazer a realizar um estudo de caso.
  • "É uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse". (Ponte, 2006:2)


    “O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos factores. Yin (1994) afirma que esta abordagem se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”, quando o investigador procura encontrar interacções entre factores relevantes próprios dessa entidade, quando o objectivo é descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede directamente, de uma forma profunda e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do fenómeno, do programa ou do processo.
    Assim, Yin (1994:13) define “estudo de caso” com base nas características do fenómeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos.”
    Continuar a ler?

Quais os paradigmas em que se pode inserir a investigação educacional?

1 Paradigma Positivista
2 Paradigma Interpretativo
3 Paradigma Crítico

Quando os dados observados são numerosos, entra-se geralmente no reino da estatística, e o paradigma positivista é dominante. No positivismo a referência é Durkheim, para quem os factos sociais são coisas, isto é, são fenómenos em si mesmos, desligados dos sujeitos conscientes que deles têm apenas representações. O objectivo da investigação é encontrar regularidades entre as diversas estruturas. Exemplo: estudando os rankings de escolas pode descobrir-se que as classificações de exame são mais elevadas nos concelhos com maior poder de compra.

Na sua obsessão para adquirirem o estatuto de “ciência” os primeiros sociólogos transpuseram das ciências experimentais para as ciências sociais a sua metodologia, permanecendo ainda hoje na estrutura do pensamento como referência da objectividade, da neutralidade científica e do pensamento racional.

As ciências sociais têm limitações(*) específicas relativamente às ciências experimentais, e portanto deverão desenvolver a sua própria metodologia. O paradigma interpretativo tem como objectivo a compreensão e descrição das condutas dos sujeitos, partindo de um sistema de significados criado e sustentado pela própria teoria. Aqui a referência é Weber, que explicitou a acção social como um comportamento humano (quer consista num fazer externo ou interno, quer num omitir ou permitir), sempre que os agentes lhe associem um sentido subjectivo. Mas deve chamar-se acção “social” aquela em que o sentido intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de outros e por ele se orienta no seu decurso. Por exemplo, se um estudante se trancar no seu quarto a estudar ou for gozar o tempo livre apanhando Sol sozinho isso não é acção social porque a acção não está a ser orientada em função dos outros. Porém, quando manifesta que estudou ou não perante a turma, essa acção já tem uma intenção social, sendo susceptível de ser interpretada em função dos valores sociais.

Os indivíduos, como seres sociais que criam significados e dão sentido ao seu mundo, apresentam justificações para as suas acções em diferentes situações, que poderão ser estudadas reunindo as justificações análogas, e procurando descobrir as suas lógicas. Podemos ter o preconceito de que esta análise não será tão objectiva quanto o tratamento de indicadores estatísticos, mas não há outra forma de captar a complexidade e diversidade das condutas humanas. Por exemplo, o mesmo aluno que argumenta que todos devem fazer os mesmos testes invocando a igualdade, também poderá requerer um teste especial para si invocando a humanidade, se faltou ou tiver classificação baixa, ou poderá simplesmente dizer que quem manda é o professor, invocando a autoridade hierárquica, se imaginar que com essa decisão obtêm uma classificação melhor com menos trabalho. Esta riqueza de justificações poderá ser estudada adoptando a sociologia pragmática, que constitui a grande inovação teórica da área. A solução para saber o que os alunos pensam dos testes – ou desenvolver qualquer outro tema – passa por escutar as justificações apresentadas pelos interessados em diversas situações de disputa e reunir as observações semelhantes, construindo uma grelha de análise com os regimes de justificação relevantes para a compreensão e interpretação do tema.

O paradigma crítico é frequentemente referido como investigação-acção. O conhecimento da situação alia-se à transformação da mesma a partir dos resultados da pesquisa. Nesta perspectiva, critica-se o conhecimento meramente contemplativo que separa os-que-sabem-mas-não-fazem dos que fazem-mas-não-sabem. Exemplo: para apresentar técnicas pedagógicas com sucesso na Matemática exige-se que o investigador as teste numa ou várias turmas.


(1) - Em ciências sociais não podemos colocar os seres humanos num laboratório e experimentar efectivamente, portanto as nossas experimentações traduzem-se apenas na recolha de novos dados empíricos. Além disso, a neutralidade do investigador é mais difícil de conseguir nas ciências sociais, porque facilmente participa no problema investigado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Como redigir um relatório de uma investigação científica?

Vamos admitir que já definiu claramente o tema do seu trabalho, fez uma cuidada pesquisa bibliográfica e webgráfica, procedeu às leituras necessárias, tendo criado as respectivas fichas, recolheu a informação estatística útil e procedeu ao seu tratamento estatístico e representação gráfica e cartográfica.

Vamos ainda considerar que o estudante já tem respostas muito claras para o problema inicialmente formulado, base do trabalho de investigação.

A única coisa que falta é passar a escrito todos esses conhecimentos, sistematizar as diversas informações, tornar esse texto legível, agradavelmente legível, por outrem.
Porque o texto é um processo de comunicação, aquando da sua elaboração, deve estar atento às probabilidades de distorção daquela. A estrutura do texto deve ter em conta a natureza do tema, o seu nível de complexidade, a extensão previsível do trabalho, o público a quem se dirige e, obviamente, ao grau de conhecimentos do relator.

Ter em conta o público a quem se dirige não significa nem abdicar das suas próprias ideias para dizer o que os outros estão à espera, nem diminuir o grau de cientificidade do trabalho. Significa encontrar a forma mais agradável e convincente de apresentar os resultados do seu trabalho, sabendo despertar a atenção alheia.

Para um estudante, o público é normalmente o professor. Tal exige a utilização de uma linguagem mais precisa e adaptada à conceptualização da Economia/Sociologia, uma apresentação cuidada, a preocupação de ressaltar o que existe de diferente no seu trabalho, a possibilidade de utilizar a lógica e a matemática como formas de linguagem adicionais.

Seria um erro o estudante abdicar das conclusões do seu trabalho ou de partes importantes da sua pesquisa para colocar no relatório o que o professor disse ou ele suspeita que o professor gostaria de ler.

Quando se faz um trabalho de investigação percorre-se um determinado caminho. Começa-se com certos conceitos que são mais operacionais e termina-se noutros, eventualmente aqueles que eram objecto das questões problemáticas, que constituem o cerne das pesquisas.

À medida que se investiga vai-se percebendo qual é o significado exacto de cada um dos conceitos, como se articula com os restantes, qual a sua importância relativa para a resposta que procura. Nos casos extremos, alguns dos conceitos serão indispensáveis para a compreensão do problema enquanto outros serão abandonados por se mostrarem totalmente irrelevantes.

Raramente a sequência com que se utilizaram os conceitos corresponde à sua importância relativa.

A lógica que preside à sua apresentação no relatório também conduz a uma ordenação diferente da referida sequência.

Dum ponto de vista conceptual parece inequívoca a conveniência de utilizar a sequência de exposição: do geral para o particular, do essencial para o secundário, do central para o desprezível. É a consagração do método dedutivo na elaboração do relatório e o reconhecimento do primado da teoria.

Alguns textos podem ter de seguir exclusivamente a sequência de investigação: uma exposição sobre o trabalho realizado é um exemplo típico. Mas o que sucede frequentemente é utilizar-se uma combinação das duas sequências. Se tal permitir conjugar as vantagens de ambas, será uma solução interessante. Se apenas adicionar as suas desvantagens, é melhor mudar de rumo.

Nos trabalhos escolares ambos os métodos têm vantagens e desvantagens. A sequência de exposição é mais difícil, revela uma aprendizagem mais profunda e acabada do problema, exige uma investigação mais completa. A sequência de investigação explícita o trabalho realizado e é de mais fácil compreensão. A “melhor” sequência será a que tornar a apresentação do relatório mais interessante.

Podemos considerar três fases na elaboração de um relatório:
1. Elaboração do esquema
2. Redacção
3. Revisão do texto

Antes de começar a escrever deve-se, sempre, utilizar algum tempo a fazer um esquema do que vamos redigir, isto é, especificar os assuntos a abordar e os subtítulos a que vão dar lugar, a sequência em que vão aparecer, a importância relativa de cada um e a correspondente hierarquia.

Elaborado o esquema, está em condições de começar a redigir o relatório, entendendo por tal um texto coerente, conceptual e formalmente, que constitua no seu todo a apresentação da resposta a algumas questões previamente formuladas.

Por coerência conceptual pretendemos referir que os conceitos de Economia/Sociologia devem estar correctamente apresentados, terem um significado unívoco, e integrarem-se na linguagem científica da correspondente área do saber. Pretendemos ainda chamar a atenção para a articulação entre conceitos e a necessidade de uns serem concordantes com os outros.
Por coerência formal designamos a correcção de aplicação dos princípios lógicos e o cumprimento das regras gramaticais.

Poderão muitas partes do relatório terem sido previamente redigidas (fichas bibliográficas, fichas por assuntos, apontamentos, etc.) mas agora é necessário unificar todas essas partes, articular os diversos aspectos. Um relatório é mais, muito mais, que a soma das partes. É um todo homogéneo.

Quase todos os relatórios são constituídos por três partes:
1. Introdução
2. Desenvolvimento
3. Conclusão

Na introdução colocam-se as questões problemáticas que deram lugar ao trabalho de investigação (não há este sem aquelas), justifica-se o tema do trabalho, encaminha-se o leitor para uma determinada sequência na apresentação da resposta, aviva-se a curiosidade daquele para a leitura, chama-se a atenção para algumas hipóteses de conclusão.

No desenvolvimento explanam-se os conceitos de forma a justificar as conclusões obtidas. Pretende-se levar o leitor a aceitar a pertinência das questões problemáticas, o percurso de investigação realizado e os resultados obtidos.

Na conclusão sistematiza-se a resposta encontrada, chama-se a atenção para alguns desenvolvimentos conceptuais e de acção social possíveis de retirar dela, alertam-se futuros investigadores para a necessidade de explorar determinados aspectos. Apontam-se as lacunas que o trabalho tem e avançam-se pistas para a sua superação.

A sequência de redacção não corresponde inteiramente à ordem anteriormente apresentada:
1. Redige-se uma introdução provisória que ajuda a clarificar ideias e a explicitar em texto as questões problemáticas e uma primeira justificação da sua escolha;
2. Escrevem-se os diferentes blocos constitutivos do desenvolvimento;
3. Elaboram-se as conclusões;
4. Dá-se a redacção definitiva à introdução.

A introdução é a primeira e a última parte a ser escrita.

O desenvolvimento é uma parte do relatório mais ou menos longa (podendo decompor-se em capítulos, secções, pontos,… e ocupar muitas páginas) com uma estrutura interna bastante complexa. O esquema do trabalho visa essencialmente decompor esta parte do texto.

Na redacção do desenvolvimento deve seguir-se uma sequência que tenha a ver com o interesse dos subpontos e/ou grau de dificuldade. Este deve ser o elemento norteador: se já se tem materiais para redigir definitivamente uns pontos, e não outros, comece por redigir aqueles; se algumas matérias são mais trabalhosas e a sua elaboração não dificulta a redacção das restantes partes, guarde para o fim; se num determinado dia está com mais reduzida capacidade de concentração ou habilidade de escrita não deixe de cumprir calendário de redacção e agarre alguns pontos mais simples.

Este saltitar de uns subpontos para outros pode trazer algumas repetições de assuntos, alguns pequenos desajustamentos de conteúdo. Exige que as notas internas (chamadas de atenção para um outro ponto do trabalho) tenham de ter alguns ajustamentos. O mesmo se poderá dizer em relação às referências bibliográficas, que deverão seguir regras uniformes. Contudo, estes problemas também surgiriam se a escrita dos diversos pontos fosse seguida.

É para resolver muitos destes problemas que existe a revisão. Faz-se em duas fases:
1. Revisão do conteúdo
2. Revisão da forma

Antes da última revisão deve entregar o trabalho a outras pessoas e recolher opiniões. Este é um procedimento que está facilitado quando se estuda em grupo, sendo já habitual a troca de opiniões e críticas entre colegas.

Pedir para alguém dar a sua opinião sobre o trabalho não é uma forma de troca de cumprimentos: quem lê diz “está bem!” e quem escreveu fica vaidoso e tranquilo. Trocar opiniões é debater ideias, com a humildade de que ninguém, e muito menos um estudante a dar os primeiros passos na Economia/Sociologia, é possuidor da verdade, e que a troca de opiniões e a crítica, são uma forma de reduzir a subjectividade das análises e captar o núcleo duro da temática.

Na revisão de conteúdo é preciso verificar:
- se a problemática estudada está claramente explicitada;
- se as hipóteses de partida estão expressas (é muito frequente encobri-las, mas é um procedimento errado, sobretudo num processo de aprendizagem);
- se as conclusões surgem explícitas e estão logicamente expostas;
- se há coerência entre as diversas partes do trabalho;
- se todos os conceitos são deduções lógicas ou induções aceitáveis a partir dos dados utilizados;
- se a sequência das matérias está correcta.

Quanto à forma o mais importante é que utilize um estilo de redacção que seja pouco inovador e, sobretudo, que respeite as regras estabelecidas na gramática portuguesa. Poderá ter o seu futuro traçado como grande escritor, mas tenha a modéstia de reconhecer que apenas está a fazer um trabalho de Economia/Sociologia e que se trata de um texto científico. Cada ciência tem a sua metalinguagem, os seus modelos de referência. Terá futuramente muitas oportunidades para exercitar o seu estilo, libertando o Eça ou o Saramago que vivem em si.

Como estruturar um Relatório Técnico? - Guia de Apoio à Publicação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Erros a evitar na escrita científica, encontram-se sintetizados no artigo How not to write a PhD thesis.


Adaptado de: PIMENTA, Carlos, SATURINO, Maria Teresa, (1993), Introdução à Economia, Pensar a Economia - 10º Ano, Porto Editora.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bibliografia MIE

Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer.



Johnson, B, Christensen, L., Educational Research. London: Pearson Education.



Stake, R. A arte da Investigação com Estudos de Caso. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.



Bardin, L. Análise de Conteúdo, Lisboa: Edições 70.

Apresentação

MIE e ARE são as duas UC's que faltam para concluir a parte curricular do MCEM. Nos trabalhos destas UC's gostaria de explorar temas relacionadas com a utilização educativa dos blogues, porque é aí que vejo maiores potencialidades para desenvolver a Tese do Mestrado. O trabalho mais completo que fiz sobre o tema foi apresentado na UC de Aprendizagem e Tecnologias, no último semestre. Está num blogue aberto: http://blogoanalise.blogspot.com/. Esta será a primeira vez que escreverei um blogue fechado, mas se não fosse esta UC não adquiriria mais essa experiência ;)

Se estiver prevista alguma equipa que aborde questões relacionadas com os blogues em educação, por favor considere-me incluído na mesma.