No contexto do paradigma positivista, o objecto geral da investigação é definido em termos de comportamento; o investigador que utiliza categorias de classificação predeterminadas para a observação destes comportamentos, “pressupõe uma uniformidade de relações entre a forma do comportamento e o seu significado, de modo que o observador pode reconhecer o significado de um comportamento sempre que este se produz” (Erickson, 1986:132). Este postulado, decalcado da “uniformidade da natureza”, foi tomado de empréstimo às ciências naturais pelos investigadores positivistas das ciências sociais e pressupõe que:
“os animais e os átomos manifestam comportamentos (“behave”) de modo constante quando em circunstâncias idênticas. Além disso, o comportamento de uma pessoa dirigido para uma outra pode ser considerado como uma causa de mudança nesta última” (Erickson, 1986:126).
O positivismo reconhece que:
- o mundo social é inacessível na sua essência; só o mundo dos factos é cientificamente analisável (fenomenalismo); “os factos devem ser tomados como coisas”, na expressão de Durkheim;
- o mundo subjectivo, o da consciência, da intuição e dos valores, escapa, como tal à ciência (objectivismo);
- a observação exterior, o teste empírico objectivo, é o único guia das teorias científicas, sendo a compreensão e a introspecção rejeitadas como métodos não passíveis de controlo (empirismo);
- a noção de lei geral encontra-se no centro do programa positivista, modelo simples e eficaz que justifica uma classe determinada de fenómenos (nomotetismo);
- o conhecimento das estruturas essenciais e das causas fundamentais e finais é ilusório. O sinal de um conhecimento verdadeiro é a sua capacidade de predizer acontecimentos que pertencem à esfera da pertinência das leis que estabeleceu (previsionismo) (Herman, 1983:10).
Os partidários deste tipo de investigação manifestam um grande interesse pela medição da eficácia no ensino. De um ponto de vista teórico, este tipo de investigação postula “que aquilo que é comum às classes vai emergir dos diferentes estudos e que as variações subtis entre classes são insignificantes e serão eliminadas durante a análise onde serão tratadas como erro de variância” (Erickson, 1986:131).
O paradigma positivista prescreve a uniformidade da vida social através dos comportamentos normalizados e dos seus significados, visando a descoberta e verificação de leis gerais; o individual é considerado sem interesse e não significativo em si mesmo.
No contexto do paradigma interpretativo, o objecto de análise é definido em termos de acção, uma acção que abrange o comportamento físico e ainda os significados que lhe atribuem o actor e aqueles que interagem com ele. Sublinha-se que este corresponde ao conceito weberiano de acção social, uma vez que é a referência aos outros que a dota de significado. Face ao objecto acção-significado (“meaning-in-action”), o investigador postula uma variabilidade das relações entre formas de comportamento e os significados que os actores lhes atribuem através das suas interacções sociais. Em suma, comportamentos idênticos de um ponto de vista físico podem expressar significados diferentes e mutantes de uma perspectiva social, como é o caso dos comportamentos que manifestam a identidade social, o papel ou o estatuto dos actores numa classe ou numa escola. O trabalho do investigador centra-se nesta variabilidade das relações “acção-significado” e visa ao nível do pólo teórico, a descoberta “de esquemas específicos da identidade social de um dado grupo” (Erickson, 1986:132).
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