Grupo E-Sophi@: Liliana Vidal   *  Jorge Soares  * José Neto *  Maria Cristina *  Natália Sarmento

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Como participar na discussão do Guião colectivo?

O Guião que está no Docs foi uma versão do mesmo a que chegámos em Grupo.

Agora estamos noutra fase. interessa ir ao Moodle e discutir as diversas propostas apresentadas tendo em vista a construção de um Guião colectivo.

Quando escreverem, acho que devem valorizar o nosso/vosso Guião, o que até é simples:

- Nós não fizemos um trabalho de Mestrado com toda a fundamentação à partida, porque o objectivo seria participar na construção de um Guião colectivo;

- Apenas temos questões abertas - como o prof disse que devia ser - porque as pessoas irão falar para um gravador;

- Não interessa acrescentar mais perguntas, por acrescentar, senão a entrevista ficará inviável para 30 minutos e ninguém suporta uma seca maior;

- O que interessa é ver quais são as perguntas "importantes" a manter no questionário colectivo. Para decidirem quais são as perguntas "importantes" deverão ter presentes as hipóteses a testar.

Boas participações!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Análise Temática

Laurence Bardin é o manual clássico da Análise de Conteúdo que refere diversas técnicas “para ver o que há nos textos”. Vê-se tratando o material bruto, segundo regras precisas, que nos conduzem a índices referentes ao conteúdo dos documentos, operação designada por codificação.

Entre as modalidades de codificação que apresenta, a Análise Temática é particularmente eficaz porque é afastada a utopia do observador neutro que se deixa conduzir pelo texto, não podendo deixar escapar qualquer pormenor. Na Análise Temática recorta-se da palha das entrevistas os excertos que são importantes, mas o critério para definir o que é importante provém da teoria.



Apresentação no Google Docs

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Fase 5 - De 28 a 04 de Dezembro

Preparação em equipa de um guião para uma entrevista. Este guião, será posteriormente, discutido no fórum, com o objectivo de definirmos um guião único, que deverá ser utilizado na realização das entrevistas no terreno. As entrevistas são semi-estruturadas e inserem-se num estudo de caso sobre as representações de professores do ensino básico/secundário (a amostra serão colegas vossos, estamos a forçar um pouco o caso, mas é para efeitos de trabalho prático).

São três as questões de investigação:

1 - O que pensam esses professores sobre as redes sociais, como por exemplo o Facebook, Myspace, Hi5, Twitter, etc? - Jorge

2 - Como é que vêm a sua (hipotética/real) participação numa rede social? - Natália

3 - Que expectativas têm sobre o seu uso no ensino? - Me & Liliana

Fase 6 - De 05 a 11 de Dezembro:  Apresentação dos guiões e sua discussão para construção do guião comum.

domingo, 27 de novembro de 2011

Entrevistas

Como caracterizar as entrevistas quanto ao número de sujeitos inquiridos?

Quanto ao número de sujeitos inquiridos distinguem-se os seguintes tipos de entrevistas:

Individual, entrevista centrada num dispositivo de recolha de informação

Grupo

  • Social, um sujeito (ou vários) é avaliado por um ou mais entrevistadores, de uma forma informal
  • Painel, um sujeito é inquirido por vários entrevistadores


Como se podem diferenciar as entrevistas relativamente aos temas em análise?

Quanto aos temas em análise distinguem-se os seguintes tipos de entrevistas:
Entrevista de Controlo, por exemplo, entrevistas pós-experimentais que verificam a verossimilhança da situação experimental, o que significa que a entrevista não é o instrumento ou técnica principal
Entrevista de Verificação, da evolução de um determinado domínio da nossa investigação
Entrevista de Aprofundamento, de temas que não consideramos suficientemente explicados
Entrevista de Exploração, de um domínio que não conhecemos

Como diferenciar entrevistas quanto à estruturação?

Quanto à estruturação distinguem-se os seguintes tipos de entrevistas:

Estruturada, realizada através de questionários aplicados directa ou indirectamente.

Não-estruturada, História oral, História de vida e Narrativas.

Semi-estruturada, combina perguntas fechadas e abertas, onde o entrevistado tem a possibilidade de discorrer sobre o tema proposto, sem respostas ou condições prefixadas pelo pesquisador.

Como construir um guião para uma entrevista?

Um Guião de Entrevista é uma forma de organizar a entrevista e recolher os dados. No guião devem estar definidas as questões e a sequência destas. As questões encontram-se previamente definidas. Na elaboração de um guião de entrevista devem ser percorridas as seguintes etapas:

1. Descrição do sujeito a entrevistar

2. Definição do tema específico da entrevista e objectivos a alcançar

3. Definição de formas de operacionalizar a entrevista:

  • espaço físico: sala de aula, sala de reuniões, ambiente do entrevistador ou do entrevistado 
  • espaço temporal: quando e com que duração


4. Definição das perguntas a serem colocadas. Aspectos a ter em consideração:

Perguntas adequadas ao tema e objectivo do tema
Perguntas adequadas aos entrevistados (claras, acessíveis, rigorosas)
Perguntas abertas e fechadas
Total do número de perguntas
Sequência das perguntas
Agrupamento de perguntas
Se adequado, palavras-chave para as respostas
Se adequado, perguntas de aprofundamento

5. Elaboração do guião, propriamente dito contém:
Cabeçalho de identificação da Entrevista (Instituição, proponentes, tema, data)
Apresentação sintética do tema e objectivos da entrevista
Estruturação das perguntas
Formatação cuidada do documento

6. Validação do guião de entrevista


Referências
http://www.cienciaviva.pt/rede/risco2004/entrevistas/guiao.pdf http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/ichagas/metinvII/entrevista.pdf http://claracoutinho.wikispaces.com/Como+Inquirir%3F

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

No capítulo da explicitação da metodologia usada há indicações sobre o modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário?

Os dados foram tratados e analisados tendo em vista os objectivos de investigação previamente definidos. Para análise estatística recorreu-se ao programa de computador Excel, sendo os resultados apresentados, sempre que útil, na sua perspectiva percentual.

São indicados os passos que estiveram subjacentes à construção do questionário?

A definição da amostra foi fundamentada. É referido que o questionário foi validado, com reformulação das questões 11 e 12, mas não se explica como se chegou às perguntas, estando implícito que estas decorrem dos objectivos da pesquisa, que são indicados.

A amostra é claramente identificada?

Sim. São identificadas as escolas:

Distrito do Porto:
• Escola Secundária de Lousada;
• Escola Básica 2,3 da Agrela;
• Escola Secundária de Felgueiras.

Distrito de Bragança:
• Escola Secundária de Carrazeda de Ansiães;
• Escola Básica 2,3 de Vila Flor.

A autora explica estes dois grupos permitiam comparar o interior com o litoral.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Vantagens e Desvantagens dos Questionários

Vantagens

Possibilitam uma recolha eficaz de informação sobre um grande número de indivíduos;

Permitem uma comparação precisa entre as respostas dos indivíduos.


Desvantagens

O material coligido pode ser superficial;

Quando um questionário é muito padronizado, podem escapar diferenças entre os pontos de vista dos inquiridos;

As respostas podem ser o que as pessoas dizem acreditar e não o que realmente pensam;

Nata se sabe sobre os que responderam NS/NR ou simplesmente não responderam ao questionário.


GIDDENS, ANTHONY, (2000), Sociologia, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

Os questionários como ferramenta de recolha de dados

Sobre este tópico existem muitos textos na Internet:
http://xa.yimg.com/kq/groups/22703089/875888180/name/artigo+question%C3%A1rio.pdf

Como não posso referir-me a tudo, escolherei apenas alguns aspectos.

Frequentemente distinguem-se Questões ABERTAS de Questões FECHADAS, mas raramente se pensa num modelo de perguntas que compatibilize as vantagens de ambos os tipos de questões e minimize as suas desvantagens. Se a uma Questão FECHADA se acrescentar uma opção aberta (um espaço em branco permitindo a indicação de OUTRA razão) obtém-se uma questão SEMI-ABERTA OU SEMI-FECHADA, que do meu ponto de vista é mais eficaz que qualquer dos modelos anteriores. Se o questionário estiver bem pensado, estarão previstas as hipóteses quase todas na parte fechada, e então o apuramento dos dados será quase tão rápido como se só tivesse questões fechadas. Para tratamento destes dados a ferramenta mais indicada é SPSS - www.spss.com - que em Portugal quase ninguém conhece. Este software permite cruzar as respostas obtidas numas questões, com as obtidas noutras, o que não é possível fazer no Excel. Imaginem que gostariam de comparar os rapazes com as raparigas que gostam de Matemática em diversos níveis etários! Têm toda a informação na base de dados, mas em colunas diferentes!

Quanto às respostas abertas (itens OUTRAS) seria necessário recortar as principais ideias veiculadas com frequência, agrupando as respostas em categorias significativas (distintas das outras e homogéneas). Este recorte de ideias principais é referido por BARDIN como "Análise Temática".

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Métodos de Investigação em Sociologia

  • Muni-vos daquilo que é indispensável e procedei como é preciso proceder, obtereis então aquilo que desejais obter. Não admitais nada que não seja verdadeiramente evidente (quer dizer, apenas aquilo que deveis admitir); dividi o assunto segundo as parte requeridas (quer dizer, fazei o que deveis fazer); procedei por ordem (quer dizer, a ordem pela qual deveis proceder); fazei enumerações completas (quer dizer, aquelas que deveis fazer): é exactamente assim que procedem as pessoas que dizem se preciso procurar o bem e evitar o mal. Tudo isto, está sem dúvida, certo. Simplesmente faltam os critérios do bem e do mal.
    Leibniz, citado por Pierre Bordieu, em “O Poder Simbólico”

sábado, 12 de novembro de 2011

Projecto Cidália 2006

Questões colocadas ao Grupo E-Sophi@ sobre dissertação de Mestrado de Cidália Neto (2006) intitulada O papel da Internet no processo de construção de conhecimento.


São apresentados claramente os objectivos de investigação que presidiram à elaboração do questionário?

São indicados os passos que estiveram subjacentes à construção do questionário?

A amostra é claramente identificada?

É indicado o método usado na definição da amostra?

O questionário usado foi objecto de validação prévia?

No capítulo da explicitação da metodologia usada há indicações sobre o modo de tratamento dos dados obtidos com a aplicação do questionário?

São apresentados claramente os objectivos de investigação que presidiram à elaboração do questionário?

A tese explicita os objectivos da investigação, referindo designadamente:

  • Alguns anos se passaram sobre a introdução dos primeiros computadores nas escolas. Novas formas de abordar as NTIC foram desenvolvidas e multiplicaram-se esforços para tornar o computador acessível a toda a comunidade escolar. É altura de verificarmos a validade dos pressupostos enumerados.
    • Verificar a facilidade de acesso (ou não) à Internet.
    • Verificar a frequência de acesso à rede.
    • Apurar as razões de uma fraca navegação na Internet (se for o caso).
    • Identificar os interesses que motivam o acesso à rede.
    • Caracterizar a relação dos dois grupos com a Internet, em termos técnicos.
    • Identificar as representações que os actores educativos têm acerca dos conteúdos presentes na Rede e sua organização.
    • Verificar o grau de importância atribuída à Internet.
    • Aquilatar o grau de confiança relativamente aos conteúdos que circulam na Internet.
    • Comparar as perspectivas e práticas dos dois grupos alvo.

sábado, 5 de novembro de 2011

Os Paradigmas Positivista e Interpretativo

No contexto do paradigma positivista, o objecto geral da investigação é definido em termos de comportamento; o investigador que utiliza categorias de classificação predeterminadas para a observação destes comportamentos, “pressupõe uma uniformidade de relações entre a forma do comportamento e o seu significado, de modo que o observador pode reconhecer o significado de um comportamento sempre que este se produz” (Erickson, 1986:132). Este postulado, decalcado da “uniformidade da natureza”, foi tomado de empréstimo às ciências naturais pelos investigadores positivistas das ciências sociais e pressupõe que:

“os animais e os átomos manifestam comportamentos (“behave”) de modo constante quando em circunstâncias idênticas. Além disso, o comportamento de uma pessoa dirigido para uma outra pode ser considerado como uma causa de mudança nesta última” (Erickson, 1986:126).    

O positivismo reconhece que:

- o mundo social é inacessível na sua essência; só o mundo dos factos é cientificamente analisável (fenomenalismo); “os factos devem ser tomados como coisas”, na expressão de Durkheim;

- o mundo subjectivo, o da consciência, da intuição e dos valores, escapa, como tal à ciência (objectivismo);

- a observação exterior, o teste empírico objectivo, é o único guia das teorias científicas, sendo a compreensão e a introspecção rejeitadas como métodos não passíveis de controlo (empirismo);

- a noção de lei geral encontra-se no centro do programa positivista, modelo simples e eficaz que justifica uma classe determinada de fenómenos (nomotetismo);

- o conhecimento das estruturas essenciais e das causas fundamentais e finais é ilusório. O sinal de um conhecimento verdadeiro é a sua capacidade de predizer acontecimentos que pertencem à esfera da pertinência das leis que estabeleceu (previsionismo) (Herman, 1983:10).

Os partidários deste tipo de investigação manifestam um grande interesse pela medição da eficácia no ensino. De um ponto de vista teórico, este tipo de investigação postula “que aquilo que é comum às classes vai emergir dos diferentes estudos e que as variações subtis entre classes são insignificantes e serão eliminadas durante a análise onde serão tratadas como erro de variância” (Erickson, 1986:131).

O paradigma positivista prescreve a uniformidade da vida social através dos comportamentos normalizados e dos seus significados, visando a descoberta e verificação de leis gerais; o individual é considerado sem interesse e não significativo em si mesmo.

No contexto do paradigma interpretativo, o objecto de análise é definido em termos de acção, uma acção que abrange o comportamento físico e ainda os significados que lhe atribuem o actor e aqueles que interagem com ele. Sublinha-se que este corresponde ao conceito weberiano de acção social, uma vez que é a referência aos outros que a dota de significado. Face ao objecto acção-significado (“meaning-in-action”), o investigador postula uma variabilidade das relações entre formas de comportamento e os significados que os actores lhes atribuem através das suas interacções sociais. Em suma, comportamentos idênticos de um ponto de vista físico podem expressar significados diferentes e mutantes de uma perspectiva social, como é o caso dos comportamentos que manifestam a identidade social, o papel ou o estatuto dos actores numa classe ou numa escola. O trabalho do investigador centra-se nesta variabilidade das relações “acção-significado” e visa ao nível do pólo teórico, a descoberta “de esquemas específicos da identidade social de um dado grupo” (Erickson, 1986:132).     

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Organização de um trabalho de investigação

Voltando a responder à diferença entre questões e problemática. Imaginem que estavam a redigir a vossa tese. Provavelmente uma boa estrutura da tese não divergirá em muito do modelo que apresento abaixo em 5 partes:


1ª PARTE
Considerações + Objecto de estudo + Interesse para as análises sociológicas sobre as questões educativas + Originalidade do trabalho

2ª PARTE
Problemática teórica + Investigação exploratória + Modelos analíticos + Hipóteses formuladas

3ª PARTE
Métodos e técnicas + Análise crítica

4ª PARTE
Interpretação sociológica

5ª PARTE
Conclusões

As questões centrais que justificam o trabalho terão de ser apresentadas logo na Introdução. São a razão de ser do próprio trabalho. Exemplo: em que medida o MCEM corresponde ás expectativas dos estudantes?

Na problemática, seriam discutidas questões polémicas como: porquê adoptar determinado modelo teórico, como limitar o objecto de estudo, problemas que se colocam a uma recolha de dados "ideal", ou continuando o exemplo imaginem os problemas que teríamos em operacionalizar as "expectativas dos estudantes", até porque não têm que ser semelhantes para todos.

A média como representação da realidade e nossos próprios limites cognitivos, como obstáculos à investigação em educação

Gostaria de levantar o problema da média como representação da realidade e nossos próprios limites cognitivos, como obstáculos à investigação em educação.

Concretizando, em Portugal, o PÚBLICO começou a publicar os rankings de escolas, ordenando-as pelas médias de exame, em Agosto de 2001, sendo seguido posteriormente pela restante imprensa. É utilizado um método extensivo (quantitativo), que utiliza todas as classificações dos exames nacionais para no final produzir mapas que nos indicam que nas escolas do litoral, em concelhos com maior poder de compra e mais concorrência entre as escolas, os alunos têm melhores médias que no interior. Aqui temos o Paradigma Positivista a relacionar a estrutura das classificações com a geografia, contra a opinião da generalidade dos especialistas em educação.

Em 2002, o então Ministro da Educação, David Justino, encomendou a seriação das escolas do ensino secundário à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL, que ordenou as escolas tendo em consideração as "classificações esperadas", "as classificações que teriam sido obtidas nos exames em cada escola se apenas as condições "exteriores" às escolas tivessem influído na obtenção das classificações; essas condições exteriores à escola respeitam ao meio socio-cultural de origem dos alunos" (Proposta de Seriação das Escolas do Ensino Secundário, Ano Lectivo 2001/2002, p. 3). Continuou a ser adoptado o Paradigma Positivista, mas como os cálculos não se baseavam na média aritmética simples, o professor Sérgio Grácio foi violentamente contestado pelo estudo que apresentou, e não teria ocasião de repetir a experiência. Desde então os jornais têm continuado a publicar apenas médias simples.

Recentemente, 15/OUT/2011, veio no EXPRESSO Cláudia Sarrico, avaliadora externa da equipa de avaliação de escolas da Inspecção Geral da Educação, porta-voz dos especialistas, que tem ideias semelhantes a Sérgio Grácio.

"Muitas das escolas que estão no topo dos rankings encostaram-se à sombra da bananeira. Estão num contexto socioeconómico favorável em que os alunos trariam boas notas em qualquer outra escola (...)"
https://sites.google.com/site/sociologiaemaccao/7-familia-e-escola/rankings

Como foi colocada a questão dos Paradigmas e Métodos de investigação, supomos que os investigadores têm liberdade para escolher, mas no caso dos rankings creio apenas que os jornais se interessaram pela Escola devido à escassez de notícias da silly season.

Podemos tentar acompanhar o trabalho de alguns alunos, pedindo-lhes que escrevam diários de bordo, complementados com entrevistas (método intensivo), para em função das suas justificações tentarmos explicar como o seu trabalho se reflecte nas classificações. Este é o Paradigma Interpretativo/Compreensivo, que do meu ponto de vista é bastante mais sério e trabalhoso que a estatística do Paradigma Positivista, tido por "objectivo", quando realmente o sucede é que a média objectiva e cristaliza as realidades.

Em vez de simplesmente investigarmos, podemos tentar intervir sobre a realidade, experimentando uma nova estratégia efectivamente adoptada numa das nossas turmas. Este será o Paradigma Crítico.


Em investigação combinam-se os diversos métodos e paradigmas. Para criar uma teoria em educação admito que a observação de estatísticas possa ser sugestiva, mas o acompanhamento de casos em profundidade também é.

Para testar a validade das teorias, convém que estas sejam testadas em amostras de dimensão razoável, o que nos conduz a utilizar técnicas características do Paradigma Positivista, talvez o único método que conseguimos interiozar como objectivo, uma vez que a linguagem da média aritmética simples também é talvez a única que entendemos.

À falta de uma melhor plataforma de pensamento, o que nos resta para mantermos a lucidez é ir fazendo as triangulações que o Jorge Soares refere.

domingo, 30 de outubro de 2011

Como começar uma investigação?

Para começar a investigação (fase de ruptuta), o investigador selecciona e define o problema e os objectivos da pesquisa. Sem fazer boas perguntas nunca se poderão encontrar boas respostas.

FAZER UMA PERGUNTA - O processo científico de investigação tem como objectivo encontrar uma resposta satisfatória para determinado problema ou questão inicial.

Posteriormente, revê-se a bibliografia em simultâneo com o desenvolvimento da investigação exploratória.

FAZER PESQUISA DE FUNDO – Inclui ler tudo o que foi escrito sobre o assunto (revisão bibliográfica) e ir observando e pensando na realidade que se deseja explicar (investigação exploratória). Deste esforço poderão surgir as primeiras sugestões de hipóteses a testar.

sábado, 29 de outubro de 2011

Como caracterizar um estudo de caso em investigação?

Quando o investigador estuda um grupo pequeno, que lhe é familiar, do qual naturalmente não poderá extrair generalizações, está fazer a realizar um estudo de caso.
  • "É uma investigação que se assume como particularística, isto é, que se debruça deliberadamente sobre uma situação específica que se supõe ser única ou especial, pelo menos em certos aspectos, procurando descobrir o que há nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão global de um certo fenómeno de interesse". (Ponte, 2006:2)


    “O estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos diversos factores. Yin (1994) afirma que esta abordagem se adapta à investigação em educação, quando o investigador é confrontado com situações complexas, de tal forma que dificulta a identificação das variáveis consideradas importantes, quando o investigador procura respostas para o “como?” e o “porquê?”, quando o investigador procura encontrar interacções entre factores relevantes próprios dessa entidade, quando o objectivo é descrever ou analisar o fenómeno, a que se acede directamente, de uma forma profunda e global, e quando o investigador pretende apreender a dinâmica do fenómeno, do programa ou do processo.
    Assim, Yin (1994:13) define “estudo de caso” com base nas características do fenómeno em estudo e com base num conjunto de características associadas ao processo de recolha de dados e às estratégias de análise dos mesmos.”
    Continuar a ler?

Quais os paradigmas em que se pode inserir a investigação educacional?

1 Paradigma Positivista
2 Paradigma Interpretativo
3 Paradigma Crítico

Quando os dados observados são numerosos, entra-se geralmente no reino da estatística, e o paradigma positivista é dominante. No positivismo a referência é Durkheim, para quem os factos sociais são coisas, isto é, são fenómenos em si mesmos, desligados dos sujeitos conscientes que deles têm apenas representações. O objectivo da investigação é encontrar regularidades entre as diversas estruturas. Exemplo: estudando os rankings de escolas pode descobrir-se que as classificações de exame são mais elevadas nos concelhos com maior poder de compra.

Na sua obsessão para adquirirem o estatuto de “ciência” os primeiros sociólogos transpuseram das ciências experimentais para as ciências sociais a sua metodologia, permanecendo ainda hoje na estrutura do pensamento como referência da objectividade, da neutralidade científica e do pensamento racional.

As ciências sociais têm limitações(*) específicas relativamente às ciências experimentais, e portanto deverão desenvolver a sua própria metodologia. O paradigma interpretativo tem como objectivo a compreensão e descrição das condutas dos sujeitos, partindo de um sistema de significados criado e sustentado pela própria teoria. Aqui a referência é Weber, que explicitou a acção social como um comportamento humano (quer consista num fazer externo ou interno, quer num omitir ou permitir), sempre que os agentes lhe associem um sentido subjectivo. Mas deve chamar-se acção “social” aquela em que o sentido intentado pelo agente ou pelos agentes está referido ao comportamento de outros e por ele se orienta no seu decurso. Por exemplo, se um estudante se trancar no seu quarto a estudar ou for gozar o tempo livre apanhando Sol sozinho isso não é acção social porque a acção não está a ser orientada em função dos outros. Porém, quando manifesta que estudou ou não perante a turma, essa acção já tem uma intenção social, sendo susceptível de ser interpretada em função dos valores sociais.

Os indivíduos, como seres sociais que criam significados e dão sentido ao seu mundo, apresentam justificações para as suas acções em diferentes situações, que poderão ser estudadas reunindo as justificações análogas, e procurando descobrir as suas lógicas. Podemos ter o preconceito de que esta análise não será tão objectiva quanto o tratamento de indicadores estatísticos, mas não há outra forma de captar a complexidade e diversidade das condutas humanas. Por exemplo, o mesmo aluno que argumenta que todos devem fazer os mesmos testes invocando a igualdade, também poderá requerer um teste especial para si invocando a humanidade, se faltou ou tiver classificação baixa, ou poderá simplesmente dizer que quem manda é o professor, invocando a autoridade hierárquica, se imaginar que com essa decisão obtêm uma classificação melhor com menos trabalho. Esta riqueza de justificações poderá ser estudada adoptando a sociologia pragmática, que constitui a grande inovação teórica da área. A solução para saber o que os alunos pensam dos testes – ou desenvolver qualquer outro tema – passa por escutar as justificações apresentadas pelos interessados em diversas situações de disputa e reunir as observações semelhantes, construindo uma grelha de análise com os regimes de justificação relevantes para a compreensão e interpretação do tema.

O paradigma crítico é frequentemente referido como investigação-acção. O conhecimento da situação alia-se à transformação da mesma a partir dos resultados da pesquisa. Nesta perspectiva, critica-se o conhecimento meramente contemplativo que separa os-que-sabem-mas-não-fazem dos que fazem-mas-não-sabem. Exemplo: para apresentar técnicas pedagógicas com sucesso na Matemática exige-se que o investigador as teste numa ou várias turmas.


(1) - Em ciências sociais não podemos colocar os seres humanos num laboratório e experimentar efectivamente, portanto as nossas experimentações traduzem-se apenas na recolha de novos dados empíricos. Além disso, a neutralidade do investigador é mais difícil de conseguir nas ciências sociais, porque facilmente participa no problema investigado.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Como redigir um relatório de uma investigação científica?

Vamos admitir que já definiu claramente o tema do seu trabalho, fez uma cuidada pesquisa bibliográfica e webgráfica, procedeu às leituras necessárias, tendo criado as respectivas fichas, recolheu a informação estatística útil e procedeu ao seu tratamento estatístico e representação gráfica e cartográfica.

Vamos ainda considerar que o estudante já tem respostas muito claras para o problema inicialmente formulado, base do trabalho de investigação.

A única coisa que falta é passar a escrito todos esses conhecimentos, sistematizar as diversas informações, tornar esse texto legível, agradavelmente legível, por outrem.
Porque o texto é um processo de comunicação, aquando da sua elaboração, deve estar atento às probabilidades de distorção daquela. A estrutura do texto deve ter em conta a natureza do tema, o seu nível de complexidade, a extensão previsível do trabalho, o público a quem se dirige e, obviamente, ao grau de conhecimentos do relator.

Ter em conta o público a quem se dirige não significa nem abdicar das suas próprias ideias para dizer o que os outros estão à espera, nem diminuir o grau de cientificidade do trabalho. Significa encontrar a forma mais agradável e convincente de apresentar os resultados do seu trabalho, sabendo despertar a atenção alheia.

Para um estudante, o público é normalmente o professor. Tal exige a utilização de uma linguagem mais precisa e adaptada à conceptualização da Economia/Sociologia, uma apresentação cuidada, a preocupação de ressaltar o que existe de diferente no seu trabalho, a possibilidade de utilizar a lógica e a matemática como formas de linguagem adicionais.

Seria um erro o estudante abdicar das conclusões do seu trabalho ou de partes importantes da sua pesquisa para colocar no relatório o que o professor disse ou ele suspeita que o professor gostaria de ler.

Quando se faz um trabalho de investigação percorre-se um determinado caminho. Começa-se com certos conceitos que são mais operacionais e termina-se noutros, eventualmente aqueles que eram objecto das questões problemáticas, que constituem o cerne das pesquisas.

À medida que se investiga vai-se percebendo qual é o significado exacto de cada um dos conceitos, como se articula com os restantes, qual a sua importância relativa para a resposta que procura. Nos casos extremos, alguns dos conceitos serão indispensáveis para a compreensão do problema enquanto outros serão abandonados por se mostrarem totalmente irrelevantes.

Raramente a sequência com que se utilizaram os conceitos corresponde à sua importância relativa.

A lógica que preside à sua apresentação no relatório também conduz a uma ordenação diferente da referida sequência.

Dum ponto de vista conceptual parece inequívoca a conveniência de utilizar a sequência de exposição: do geral para o particular, do essencial para o secundário, do central para o desprezível. É a consagração do método dedutivo na elaboração do relatório e o reconhecimento do primado da teoria.

Alguns textos podem ter de seguir exclusivamente a sequência de investigação: uma exposição sobre o trabalho realizado é um exemplo típico. Mas o que sucede frequentemente é utilizar-se uma combinação das duas sequências. Se tal permitir conjugar as vantagens de ambas, será uma solução interessante. Se apenas adicionar as suas desvantagens, é melhor mudar de rumo.

Nos trabalhos escolares ambos os métodos têm vantagens e desvantagens. A sequência de exposição é mais difícil, revela uma aprendizagem mais profunda e acabada do problema, exige uma investigação mais completa. A sequência de investigação explícita o trabalho realizado e é de mais fácil compreensão. A “melhor” sequência será a que tornar a apresentação do relatório mais interessante.

Podemos considerar três fases na elaboração de um relatório:
1. Elaboração do esquema
2. Redacção
3. Revisão do texto

Antes de começar a escrever deve-se, sempre, utilizar algum tempo a fazer um esquema do que vamos redigir, isto é, especificar os assuntos a abordar e os subtítulos a que vão dar lugar, a sequência em que vão aparecer, a importância relativa de cada um e a correspondente hierarquia.

Elaborado o esquema, está em condições de começar a redigir o relatório, entendendo por tal um texto coerente, conceptual e formalmente, que constitua no seu todo a apresentação da resposta a algumas questões previamente formuladas.

Por coerência conceptual pretendemos referir que os conceitos de Economia/Sociologia devem estar correctamente apresentados, terem um significado unívoco, e integrarem-se na linguagem científica da correspondente área do saber. Pretendemos ainda chamar a atenção para a articulação entre conceitos e a necessidade de uns serem concordantes com os outros.
Por coerência formal designamos a correcção de aplicação dos princípios lógicos e o cumprimento das regras gramaticais.

Poderão muitas partes do relatório terem sido previamente redigidas (fichas bibliográficas, fichas por assuntos, apontamentos, etc.) mas agora é necessário unificar todas essas partes, articular os diversos aspectos. Um relatório é mais, muito mais, que a soma das partes. É um todo homogéneo.

Quase todos os relatórios são constituídos por três partes:
1. Introdução
2. Desenvolvimento
3. Conclusão

Na introdução colocam-se as questões problemáticas que deram lugar ao trabalho de investigação (não há este sem aquelas), justifica-se o tema do trabalho, encaminha-se o leitor para uma determinada sequência na apresentação da resposta, aviva-se a curiosidade daquele para a leitura, chama-se a atenção para algumas hipóteses de conclusão.

No desenvolvimento explanam-se os conceitos de forma a justificar as conclusões obtidas. Pretende-se levar o leitor a aceitar a pertinência das questões problemáticas, o percurso de investigação realizado e os resultados obtidos.

Na conclusão sistematiza-se a resposta encontrada, chama-se a atenção para alguns desenvolvimentos conceptuais e de acção social possíveis de retirar dela, alertam-se futuros investigadores para a necessidade de explorar determinados aspectos. Apontam-se as lacunas que o trabalho tem e avançam-se pistas para a sua superação.

A sequência de redacção não corresponde inteiramente à ordem anteriormente apresentada:
1. Redige-se uma introdução provisória que ajuda a clarificar ideias e a explicitar em texto as questões problemáticas e uma primeira justificação da sua escolha;
2. Escrevem-se os diferentes blocos constitutivos do desenvolvimento;
3. Elaboram-se as conclusões;
4. Dá-se a redacção definitiva à introdução.

A introdução é a primeira e a última parte a ser escrita.

O desenvolvimento é uma parte do relatório mais ou menos longa (podendo decompor-se em capítulos, secções, pontos,… e ocupar muitas páginas) com uma estrutura interna bastante complexa. O esquema do trabalho visa essencialmente decompor esta parte do texto.

Na redacção do desenvolvimento deve seguir-se uma sequência que tenha a ver com o interesse dos subpontos e/ou grau de dificuldade. Este deve ser o elemento norteador: se já se tem materiais para redigir definitivamente uns pontos, e não outros, comece por redigir aqueles; se algumas matérias são mais trabalhosas e a sua elaboração não dificulta a redacção das restantes partes, guarde para o fim; se num determinado dia está com mais reduzida capacidade de concentração ou habilidade de escrita não deixe de cumprir calendário de redacção e agarre alguns pontos mais simples.

Este saltitar de uns subpontos para outros pode trazer algumas repetições de assuntos, alguns pequenos desajustamentos de conteúdo. Exige que as notas internas (chamadas de atenção para um outro ponto do trabalho) tenham de ter alguns ajustamentos. O mesmo se poderá dizer em relação às referências bibliográficas, que deverão seguir regras uniformes. Contudo, estes problemas também surgiriam se a escrita dos diversos pontos fosse seguida.

É para resolver muitos destes problemas que existe a revisão. Faz-se em duas fases:
1. Revisão do conteúdo
2. Revisão da forma

Antes da última revisão deve entregar o trabalho a outras pessoas e recolher opiniões. Este é um procedimento que está facilitado quando se estuda em grupo, sendo já habitual a troca de opiniões e críticas entre colegas.

Pedir para alguém dar a sua opinião sobre o trabalho não é uma forma de troca de cumprimentos: quem lê diz “está bem!” e quem escreveu fica vaidoso e tranquilo. Trocar opiniões é debater ideias, com a humildade de que ninguém, e muito menos um estudante a dar os primeiros passos na Economia/Sociologia, é possuidor da verdade, e que a troca de opiniões e a crítica, são uma forma de reduzir a subjectividade das análises e captar o núcleo duro da temática.

Na revisão de conteúdo é preciso verificar:
- se a problemática estudada está claramente explicitada;
- se as hipóteses de partida estão expressas (é muito frequente encobri-las, mas é um procedimento errado, sobretudo num processo de aprendizagem);
- se as conclusões surgem explícitas e estão logicamente expostas;
- se há coerência entre as diversas partes do trabalho;
- se todos os conceitos são deduções lógicas ou induções aceitáveis a partir dos dados utilizados;
- se a sequência das matérias está correcta.

Quanto à forma o mais importante é que utilize um estilo de redacção que seja pouco inovador e, sobretudo, que respeite as regras estabelecidas na gramática portuguesa. Poderá ter o seu futuro traçado como grande escritor, mas tenha a modéstia de reconhecer que apenas está a fazer um trabalho de Economia/Sociologia e que se trata de um texto científico. Cada ciência tem a sua metalinguagem, os seus modelos de referência. Terá futuramente muitas oportunidades para exercitar o seu estilo, libertando o Eça ou o Saramago que vivem em si.

Como estruturar um Relatório Técnico? - Guia de Apoio à Publicação da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto.

Erros a evitar na escrita científica, encontram-se sintetizados no artigo How not to write a PhD thesis.


Adaptado de: PIMENTA, Carlos, SATURINO, Maria Teresa, (1993), Introdução à Economia, Pensar a Economia - 10º Ano, Porto Editora.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Bibliografia MIE

Cohen,L., Manion, L., Morrison, K., Research Methods in Education. London: Routledge Falmer.



Johnson, B, Christensen, L., Educational Research. London: Pearson Education.



Stake, R. A arte da Investigação com Estudos de Caso. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.



Bardin, L. Análise de Conteúdo, Lisboa: Edições 70.

Apresentação

MIE e ARE são as duas UC's que faltam para concluir a parte curricular do MCEM. Nos trabalhos destas UC's gostaria de explorar temas relacionadas com a utilização educativa dos blogues, porque é aí que vejo maiores potencialidades para desenvolver a Tese do Mestrado. O trabalho mais completo que fiz sobre o tema foi apresentado na UC de Aprendizagem e Tecnologias, no último semestre. Está num blogue aberto: http://blogoanalise.blogspot.com/. Esta será a primeira vez que escreverei um blogue fechado, mas se não fosse esta UC não adquiriria mais essa experiência ;)

Se estiver prevista alguma equipa que aborde questões relacionadas com os blogues em educação, por favor considere-me incluído na mesma.